A VINGANÇA DOS MERDS
Calma, o título não está errado, é uma nova palavra que mescla o nome do não-tão famoso filme de comédia besteirol dos anos 80 com a palavra MERDA. Além de ser uma forma de reduzir o termo NERDS DE MERDA, ela tem uma origem particular também, na minha pessoa, um Nerd dos anos 80 atípico que precisou esmurrar um Valentão na escola que havia me chamado de Nerd, e na minha ignorância sobre cinema entendi que ele havia me xingado de Merds, um merda com alguma palavra adaptada por brincadeira infantil, como DONADIS E PIQUES, e agora no atual cenário de protestos anti-fascistas na internet esse termo retornou à minha mente para uma análise social do Nerd do século XXI, tão diferente do Nerd do século XX, que se tornou o vilão social na oportunidade que teve de ser protagonista.
Partindo do clichê, que já abordamos no antigo texto sobre SAPIOFOBIA, as crianças eram perseguidas por seu destaque intelectual onde se era mais necessário, na escola, por outras crianças vítimas de pais desestruturados que ensinavam aos seus filhos uma perspectiva de vida baseado em estupidez e preconceito, ao contrário de outras que tinham um planejamento de educação para seus filhos para se tornarem pessoas melhores para si e a sociedade, apesar de nem sempre dar certo se o narcisismo fazia parte dos métodos de direcionamento, com muita pressão psicológica, culpa e auto cobrança, os psicólogos entendem bem disso. Então esse Nerd sobreviveu e chegou à fase adulta e está livre pra fazer e realizar o que sempre sonhou, certo? Não é bem assim, se os traumas do passado são ainda presentes e sem tratamento adequado, terão o tratamento inadequado.
O grande problema do Nerd do século XXI é que ele pode descambar para três caminhos, sendo dois deles ruins, o do INCEL ou do EMPRESÁRIO LIBERAL. Falando primeiro do caminho bom, o Nerd que superou sua infância de perseguições, seja violentamente contra seus agressores (eu) desestimulando-os ou com tratamento psicológico, tem uma vida em tranquilidade consigo mesmo pois não existe o medo de relacionamentos interpessoais, vergonha de sair na rua, neurose de perseguição, abuso de substâncias e principalmente a culpa por tudo em que foi vítima. Claro que essa plenitude existencial requer a pré-disposição emocional de compreender e pesquisar o porquê de seus agressores serem como são, se nem todos os outros meninos são assim, depois compreender mais sobre a desconstrução do machismo e o porquê da sociedade estar enfrentando o Bullying mais sériamente no século XXI, e aí entram os motivos políticos e de saúde.
Falando primeiramente do menos ofensivo, o INCEL, como o nome diz, é um homem hétero frustrado por não ser como a figura de “masculinidade adequada” se projeta na sociedade através das mídias de entretenimento principalmente, que todos consomem hoje em dia como filmes, séries, quadrinhos, Games e culturas machistas de “Winner &Loser”, subcultura do Capitalismo Ideológico. INCEL quer dizer INVOLUNTARY CELIBATARY, ou seja, é um celibato contra sua vontade e culpa as mulheres e os homens “alfa” por isso, e se consideram “machos beta”. Sim, você entendeu certo, esses jovens homens se analisam como animais do Animal Planet, onde o macho alfa consegue todas as fêmeas e eles ficam no onanismo frenético por não ter capital de masculinidade adequado para conquistar mulheres e recorrer à prostituição seria trapaça, como se realmente estivessem numa posição de justiça neste discurso totalmente descabido.
Apesar do termo INCEL ser relativamente novo, as pessoas nestas condições já existiam desde a popularização da Internet nos anos 90 e nos primórdios dos Chats esses jovens homens héteros já se auto-excluíam de um convívio saudável e a tristeza, amargura e ressentimento acabam resultando em desastres locais, como no caso de Columbine, onde dois alunos excluídos por serem “inteligentes demais” se vingaram da sociedade opressora à eles com assassinatos e suicídio, em cenários previsíveis mas ocultados pelo preconceito com as doenças psicológicas, principalmente entre homens machistas que só se permitem três sentimentos: alegria, tesão e raiva, o resto é “coisa de mulherzinha ou viadinho”, mostrando seus preconceitos como argumento. Você deve conhecer uma pessoa assim, pelo termo técnico de BABACA!
Nos anos que se seguiram a frustração do homem branco conservador heterossexual explodiu nos EUA, onde mais tiroteios aleatórios foram registrados chegando a 31 até o ano passado, onde na internet os outros INCELs idolatravam esses “heróis” que “ensinaram aos outros que têm poder!” e em todo o mundo, através de fóruns de internet, passaram a trocar informações para novos atentados terroristas, chegando a ter um no Brasil, o que abriu espaço para a discussão sobre Bullying, armamento, discurso de Extrema Direita para jovens e o mal do século, a depressão, fatores que misturados às incertezas do país, pressão social e hormônios borbulhantes, criam-se milhões de possíveis novos terroristas sociais, homens conservadores que não buscam por ajuda.
Os mais perigoso dos Merds é o EMPRESÁRIO LIBERAL, que não tem o mínimo pudor em roubar esperanças, empregos e até vidas, se for preciso, para que fique cada vez mais rico, pois é o Nerd que “evoluiu” de Loser para Winner, e agora pode ter a mulher (interesseira) que quiser, a melhor casa, os melhores carros, o poder de falar com líderes mundiais e prejudicar milhões de pessoas pelo mundo, para satisfazer seu ego machucado por aquelas crianças que nem lembram mais dele, mas que ele ainda guarda na lembrança o rancor e essa “vitória” é a prova de que estavam errados… mas eram só crianças, tanto faz agora. Após se tornar um “alfa” através da inteligência e ganhar muito dinheiro, o Merd “liberal” quer ir além e começa a perceber que o tédio de sua existência pode ser quebrado de dois modos: salvando pessoas, como Bill Gates e sua esposa fazem há anos, ou prejudicando o mundo para aumentar ainda mais sua inútil fortuna e poder se considerar o homem mais “poderoso” do mundo, por ter no limite de sua vontade egoísta muitas vidas em jogo, de pessoas e biomas inteiros, num mundo onde não existem super-heróis para impedi-lo, só a união popular e vilões rivais.
Os Merds pertencem à um clichê tão fácil de se notar que é até vergonhoso de descrever, mas é importante atentar à esses “sintomas”:
- Auto- reclusão doméstica
- Cultura de armas
- Idolatra políticos de Extrema Direita
- Compartilha Fake News anti-democráticas
- Comportamento violento e preconceituoso quando usa a internet, seja jogando online, fazendo postagens ou gravando Streams
- Consumo maciço de material fascista, nazista e de mortes violentas por armas
Na política se destacam por apoiar candidatos mais preconceituosos e anti-coletivismo possíveis, também apoiam o desmatamento, negam o aquecimento global e culpam as pessoas que buscam soluções para os problemas do mundo por estragarem a Utopia de mundo perfeito onde ele supostamente seria feliz, o pegador rico armado que oprime minorias em direitos.
Normalmente são as vítimas preferidas de fraudes e gurus, charlatões que vendem, literalmente, discursos e cursos que vão trazer a verdade e a justiça “de volta” ao mundo, estragado pelos comunistas que com suas ideias de igualdade social e proteção ambiental impedem o mundo de evoluir e quando chegam ao poder reproduzem tais absurdos auto-refutáveis como se fossem os heróis. De Coachs de pegar mulher até políticos proto-fascistas, sem esquecer dos Coachs financeiros, os Merds se destacam dos Nerds por serem extremamente BURROS! Sim, no sentido Kantniano simplificado, negam a realidade quando ela não se adapta ao seus desejos particulares e não por acaso são a favor de ditaduras onde o contraditório é punível com tortura e assassinato, a mesma mentalidade dos terroristas mirins americanos, que sonhavam estar fazendo justiça com as próprias mãos, mas na verdade era um pedido de socorro negligenciado pela sociedade.
Essa onda mundial de Extrema Direita tem grande apoio dos Merds, que são os responsáveis pela assessoria de T.I. que criam e propagam as Fake News que nossos idosos e analfabetos funcionais acreditam, desde a criação até o disparo, por isso toda investigação termina encontrando os empresários que financiam essa sabotagem da democracia e na ponta de lança está o pobre Merd, militante online, sendo cancelado na internet por ser um babaca preconceituoso e se julga perseguido pelas empresas que os Banem de seus canais de mídia, remetendo aos seus dias de Bullying no território em que dominava, mas sem expectativa de auto crítica.
É muito estranho para mim, que cresceu com a expectativa adolescente que um dia as meninas iriam gostar das mesmas nerdices que eu, que na verdade era só cultura, e assim teria uma namoradinha e o mundo cor de rosa seria uma realidade, assim como nos filmes dos Nerds, e quando as gerações de Nerds mais atuais têm esse sonho realizado eles preferem afastar as mulheres?? O que a princípio parecia um cenário improvável, se tornou mais que realizado e com a desconstrução do machismo podemos descobrir que as mulheres também querem jogar conosco, falar de quadrinhos, filmes, séries, que elas sempre gostaram desde sempre mas precisavam esconder, pois o machismo pregava que era “coisa de menino” e por isso consumiam essa cultura Pop escondida dos olhares que julgavam.
Com a popularização do Nerd, termo que já nasceu como pejorativo e se tornou Pop, podemos perceber que todos queriam consumir esse material cultural de ficção científica, fantasia, futuros distópicos, steampunk e tudo mais que a imaginação humana puder perceber mas que agora não representa apenas o homem branco supostamente heterossexual e sim toda a diversidade humana, em união, mas essa frente de resistência burra ainda faz barulho, muito menos que antes, mas pode se tornar uma ameaça caso cheguem ao poder político onde o autoritarismo será o objetivo, por isso é tão importante denunciar os Merds de qualquer idade, e recomendar apoio psicológico pois são tanto vítimas quanto agressores.
Quando a raiva passar, entendam que são vítimas de si mesmos e merecem ser acolhidos, senão o rancor fica cada vez mais violento, e vão querer se vingar de quem é feliz, ou menos infeliz que eles.
