AKIRA TORIYAMA MORREU PRA GENTE, NÃO PRA CULTURA POP MUNDIAL

Ulisses Lopes
2 min readMar 11, 2024
Mangá, Games e Anime, junto do J-Rock; a dominação cultural do ocidente

O ano era 1993 e na revista Ação Games eu vi essa ilustração (recortada) e do mesmo modo que fiquei impressioando eu não entendia nada, pois a referência eram sempre os desenhos americanos e eu nem sabia que DBZ era japonês, porque até antes de CDZ todos os desenhos pareciam estadunidenses mesmo já tendo contato, sem saber, com Honey Honey e Pequeno Príncipe em Anime, ambos no SBT.

Não é de hoje que DBZ é sucesso, era muito mais nos anos 90, a década da dominação da cultura japonesa no ocidente, e a década mais intensa para o autor, Akira Toriyama, o caipira despretensioso e ansioso (talvez o motivo de seu tabagismo) que tinha ficado famoso com uma série de comédia e logo começou outra comédia, agora com artes marciais e a lenda chinesa do Saiyuuki, a “Jornada ao Oeste” e todas suas referências de infância bucólica, que manteve em todas suas repetidas obras despretensiosas, a grande crítica ao criador de uma fórmula de ação e de formato de produto cultural copiado até hoje por outros autores, o tornando o semi-deus do mangá, antecedido por Osamu Tezuka.

Eu tenho quase todas as obras do Akita Toriyama, exceto o desnecessário Dragon Ball Super e outras tentativas de ordenhar essa vaca esturricada, por ele ser o desenhista que fazia o básico bem feito, que ajudava os outros autores, que se jogava em vários projetos, que morreu ainda empolgado com sua profissão, com vários projetos em andamento, e esse é, para mim, a grande tristeza da sua partida.

Suas obras ficarão para sempre na cultura Pop mundial, como um clássico de referência obrigatória, que junto de Osamu Tezuka e Hirohiko Araki, o único ainda vivo entre eles, serão os grandes professores do Mangá pós-moderno, em decadência, como símbolo de resistência ao limite da imaginação imposta por formatos que vendem e agradam FanService de um público sem vivência de um mundo real virtualizado e ansioso, que não tem mais tempo para apreciar, apressados indo para lugar nenhum.

Eu estava lendo NekoMajin quando soube da notícia da morte do autor, e naquele choque da notícia percebi que tudo que ele desejava era agradar do jeito que podia, com humor de situação, contradição e nonsense, para crianças que cresceram com terra no pé e carrapicho na roupa possam apreciar.

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Ulisses Lopes

Quando a necessidade de ler se torna a necessidade de escrever, eu escrevo. Por mim mas para os outros.